Mas eu não quero falar sobre passado neste post, quero, na verdade, aprofundar sobre essa habilidade. Quero explicar para você, caro leitor, como o seu cérebro consegue processar esse parágrafo, decifrar esse código de símbolos e te trazer um significado.
Hoje, vamos entender como é possível ler.
Ler não é algo natural
Esqueça toda aquela pressão de quando tinha menos de 10 anos e viu metade da sua sala lendo. Você, atormentado pela professora e pela sua mãe, ficou desesperado, pois pensou que nunca aprenderia a ler. Pois é, isso não aconteceu, você sabe ler e, muitas vezes, a julgar pelo conteúdo que consome ou que aparece nas redes sociais, preferia nunca ter aprendido.A verdade é que ler não é algo espontâneo. É isso mesmo, o nosso cérebro, ao contrário as centenas de outras atividades, não foi programado para isso. Então, como acontece? Existe uma habilidade nossa muito importante: a neuroplasticidade. Essa capacidade faz com que esse maravilhosa máquina seja capaz de criar novas conexões para aprender algo. E isso não é algo passageiro, se torna permanente.
Todo o processo de aprender a ler demanda isso: a gente aprende os sons, as rimas e começa a entender qual é a associação entre letras e fala. Isso exige que o nosso cérebro se reconfigure para fazer as ligações entre o visual, sonoro e o significado, curiosamente, falar é algo natural para nós.
Todo o processo de aprender a ler demanda isso: a gente aprende os sons, as rimas e começa a entender qual é a associação entre letras e fala. Isso exige que o nosso cérebro se reconfigure para fazer as ligações entre o visual, sonoro e o significado, curiosamente, falar é algo natural para nós.
A plasticidade e a forma como o nosso cérebro aprende
Eu já falei sobre como a gente aprende em outro texto, mas aqui, quero focar em dois tipos de conhecimento. Primeiro, o que chamam de procedurais que estão relacionados a nossa capacidade motora. Basicamente, são todas as coisas que precisamos praticar, praticar e praticar para depois se tornar algo automático. O processo de aprender a andar é um bom exemplo desse tipo de aprendizagem. Passamos pela fase em que engatinhamos, depois, ficamos em pé e começamos a caminhar.Agora, o segundo, é o tipo de conhecimento que conseguimos verbalizar. Um exemplo: quando somos capazes de explicar algo, ou, pensamos sobre alguma coisa. Essas são habilidades ligadas a fala.
Ok. Mas o que realmente acontece quando a gente lê?
Há duas maneiras de ver o ato de ler, a primeira, é mais teórica e tem relação com os nossos processos cerebrais. O que acontece é que o hemisfério principal quando lemos é o esquerdo. Ele é vinculado com a linguagem e é o responsável pela nossa capacidade analítica. Mas não é o único, o hemisfério direito também é ativado em uma escala menor. De modo que os dois trabalham juntos para decodificar os símbolos e transformá-los em sons, mesmo que mentalmente.As áreas como os córtices occipital e temporal ficam responsáveis por reconhecer o sentido das palavras, já o córtex frontal motor traz o som quando lemos. Conforme lemos e associamos a memórias para interpretar melhor, ativamos o hipocampo e o lobo temporal medial. Se estivermos lendo algo emocional ou narrativo, ativamos as amígdalas e outras partes ligadas a emoção, já para raciocinar o conteúdo, é o córtex pré-frontal que trabalha.
A segunda maneira...
Quando a gente lê conectamos os símbolos, ou seja, as letras ao som. Basicamente, nós reconfiguramos o que escutamos para que represente o que vemos no papel. Além disso, o fato de sermos alfabetizados muda para sempre a nossa relação com os sons da nossa língua. Repare como automaticamente, quando escuta uma palavra, já a imagina.Nós aprendemos a quebrar os sons em pedaços para representarem as sílabas e fonemas, coisa que não faríamos naturalmente. Logo, sabemos a ler quando entendemos sistematicamente e percebemos que as combinações das letras formam conexões.
Hoje, entendemos que existem muitos processos cerebrais complexos para que possamos ler. A leitura apesar de ser uma prática difundida e até obrigatória para viver em sociedade, não é algo natural para a nossa mente. Mas estamos tão alinhados que somos capazes de interpretar em questão de milésimos símbolos e associá-los a sons.
Gostou deste texto? Quer continuar entendendo mais como o nosso cérebro funciona? Veja o meu post sobre a escrita como ferramenta de organização de pensamentos!
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